domingo, 8 de abril de 2012


Brasil esportivo, um lugar atrativo para se fazer bons negócios

A conquista do Brasil do direito de sediar os Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro e a Copa do Mundo de 2014, tem despertado o interesse das empresas nacionais e internacionais, especializadas no setor esportivo, em investir no país

                                                                                                      Foto 1: Fábio Silvério
Os pisos italianos também estão presentes nas quadras de pequenas equipes de voleibol do Estado
 
Negócios no Esporte. O Brasil com a conquista do direito de sediar a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro de 2016 se tornou um mercado atrativo para investimentos na área do esporte. Empresas nacionais e de fora do país tem se voltado para o Brasil.

‘‘O Brasil era um mercado do futuro. A evolução econômica brasileira culminando com os grandes eventos obriga o país a se modernizar. E assim surgem grandes oportunidades em um mercado pouco explorado e para as empresas internacionais é interessante’’, explica Anderson Gurgel, jornalista especializado na área de negócios.

O professor universitário enfatiza a questão dos investimentos no paísl como forma da acelerar o mercado interno: ‘‘esse momento permite atividades econômicas amplas e se for atrelado ao investimento no Brasil ajuda o mercado interno. Agora se for especulação é preocupante, é passageiro. Há esportes pouco explorados no Brasil, como é o caso do MMA, que chegou e ganhou espaço rápido’’, falou Gurgel.

O professor destaca também a concorrência que vai se estabelecendo: ‘‘as empresas de fora com melhor preço e qualidade, se for assim vão prejudicar o mercado interno. É uma relação de custo benefício. Se as empresas nacionais não tiverem conhecimento perderão mercado. Não sou a favor de uma proteção das empresas nacionais e sim do investimento em profissionais melhores qualificados’’, enfatiza Gurgel.

No voleibol, o crescimento da modalidade, aliado as competições importantes em que o país sediará, tem despertado o interesse das empresas.

A Mondo, multinacional italiana, representada pela Playpiso no Brasil, trata-se de uma das principais fornecedoras de pisos esportivos no voleibol e em outras modalidades esportivas em todo o mundo e tem realizado negócios no país. A empresa já participou de eventos como os últimos nove Jogos Olímpicos, a construção das duas pistas de atletismo dos Jogos Pan-americanos de 2007, no Rio de Janeiro, a pista de atletismo do Centro Esportivo, construído em Bragança Paulista, no interior de São Paulo, inaugurado em 2008 e homologado pela Federação Internacional e a Confederação Nacional de Atletismo, a IAAF e CBAT.

E também o piso de voleibol dos Jogos Militares do Rio de Janeiro de 2011, numa preparação para os Jogos Olímpicos do Rio em 2016.
                                                                             Foto 2: Fábio Silvério
O piso instalado em Atibaia
                                                                             Foto 3: Fábio Silvério
Parte de cima de um pedaço da borracha utilizada
                                                                              Foto 4: Fábio Silvério
As camadas da borracha do piso
Os pisos emborrachados e vinílicos oficiais de voleibol também são homologado pela Federação Internacional de Voleibol, a FIVB e usado em Ligas e Jogos Internacionais.

                                                                             Foto 5: Fábio Silvério
Outra parte das camadas do piso
O time de voleibol de Atibaia está com um novo piso fornecido pela empresa italiana, instalado em dezembro de 2011. As cotações realizadas com outras empresas superaram os 200 mil reais e a Mondo apresentou o valor de 190 mil, mais tarde o negócio foi fechado em torno de 115 mil.

A equipe disputa o Campeonato Paulista da Divisão Especial, a Super Liga Nacional Série B, os Jogos Regionais e os Jogos Abertos do Interior.

                                                                              Foto 6: Fábio Silvério
A equipe de Atibaia que disputou a Super Liga Série B de 2012

A Associação Esportiva de Atibaia administra o projeto do voleibol e capta recursos pela Lei Estadual de Incentivo Ao Esporte, através do imposto sobre circulação de mercadorias e prestação de serviços, o ICMS e a Lei de Incentivo ao Esporte Municipal, pelo Imposto Sobre Serviços, o ISS, das empresas parceiras.

O ex-presidente da Associação, Júlio César Paulinetti, que entregou o cargo no final de março de 2012, após oito anos de mandato e ainda faz parte do elenco de jogadores, explicou como se deu o negócio: ‘‘aconteceu através da Federação Paulista de Voleibol, a Mondo se interessou em colocar o piso em Atibaia. O acerto foi fechado em junho de 2011. Hoje é o piso mais moderno do mundo. Somos a única cidade no Estado de São Paulo que possui este piso de forma particular. O interesse deles não é só os Jogos Olímpicos, mas os Jogos é um fator. Eles exportam o produto que desperta o interesse pela durabilidade ser muito grande’’.
                                                                              Foto 7: Fábio Silvério
O levantador e ex-presidente da Associação Júlio Paulinetti

O atual presidente da Associação é Hélio Costa e Veiga, até 2016.

As empresas parceiras que viabilizaram a captação de recursos foram: AMBEV, Astra e Grammer. A Associação pode captar por ano um pouco mais de 700 mil reais, que são utilizados no pagamento de taxas de arbitragens, piso, taxas federativas, hospedagens, viagens, bola, uniforme e outros materiais esportivos.

‘‘A Lei de Incentivo ao Esporte é para infraestrutura. Aprovado, a empresa tem escolhido o seu projeto e os investimentos são feitos através do site da Fazenda do Estado. O percentual de captação varia de 1% a 3% do ICMS, de qualquer empresa do Estado de São Paulo. Já pela Lei Municipal, é possível captar de 0 a 20% do valor do imposto recolhido. O Governo Municipal é quem decide o quanto será captado.’’, explica Paulinetti.
                                                 Foto 8: Fábio Silvério
O secretário de esportes José Ricardo, o ‘‘Alemão’’

Para José Ricardo Teixeira Ribeiro, secretário de esportes de Atibaia, a instalação do piso nos valores negociados é apontada como positiva: ‘‘foi favorável, o esporte de alto nível exige maior custo, demos um salto de qualidade, conseguimos um equipamento de primeira linha para o time e para a comunidade também, que pode usar a quadra. Seria difícil para a Prefeitura direcionar a compra deste piso de alta qualidade’’.

O ex-presidente da Associação reforça quanto ao interesse da multinacional no mercado nacional: ‘‘é comercial, tem também a Copa do Mundo movimentando o dinheiro no esporte. Acredito que até 2016, dentro do voleibol, o mercado vai crescer, terá investimento. Será criado uma bolha e quem quiser crescer tem que estar dentro dela, mas depois dos Jogos acredito que irão cair os investimentos’’, citou Paulinetti.

O jornalista e autor do livro Futebol SA Economia Em Campo, Anderson Gurgel, opina sobre o futuro dos investimentos no país após as grandes competições: ‘‘depende das coisas que serão feitas. Se for atrelado ao poder público não deve se estender. Agora se capitalizarem um mercado interno os investimentos devem se manter. Quanto a Copa do Mundo, está tudo muito encima para a criação da estrutura e a perspectiva é preocupante’’.

O piso instalado em Atibaia tem gerado novos negócios: ‘‘nós indicamos a empresa para três ou quatro municípios, deu resultado com a propaganda que fizemos, estão colhendo os frutos’’, conta Paulinetti.
                                                  Foto 9: Fábio Silvério
O atleta Júlio Paulinetti

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